quinta-feira, 13 de outubro de 2011

HÁ UMA NAÇÃO NESTE PAÍS?


ARTIGO DO TEXTO: HÁ CIDADANIA NESTE PAÍS?
De: Milton Santos.
Vivemos há mais de 500 anos sem um exercício de cidadania neste país; melhor dizendo, não temos sequer um conceito compreensível acessível a todos. Se perguntarmos às pessoas nas ruas o que significa cidadania, teremos um sem-número de respostas; todas válidas, mas incompletas e nenhuma advinda de uma práxis.
   Não sabemos se estas parcas noções de cidadania assim o são porque a prática desta também é incompleta, ou vice-versa, ou ambas as alternativas. De certo, sabemos que desde o início da história do nosso jovem país houve um completo exercício de alienação, de negação dos direitos mais fundamentais ao homem como, por exemplo, o de sua própria humanidade, houve a manipulação dos meios de produção, de informação e de educação, usados como instrumentos de controle, opressão e massificação, formando para o consumo e negando, ora a individualidade, ora as associações que pudessem discutir suas questões específicas e, consequentemente, se enxergarem como parte de um todo, sobre o qual possam interferir diretamente.
   Na educação, apontada frequentemente como a alternativa mais viável ao sistema tecnocrático em via de colapso, a alienação se dá em todos os níveis, inclusive no acadêmico: a retenção do conhecimento mantém a massa e a massa não incomoda!
Cidadão - Zé Geraldo


Se o Brasil foi “descoberto” por acidente, a distribuição das riquezas e a formação de sua sociedade parecem ter sido planejadas: os “nobres”, as riquezas, o domínio do conhecimento foram concentrados nas regiões sul e sudeste, mais próximo ao litoral, enquanto os elementos mais “vis” da sociedade portuguesa ganharam carta branca para explorar o interior do país impondo a lei dos mais fortes ou dos mais bárbaros. Uma das conseqüências desta ocupação desigual é uma sociedade que desenvolveu de modo desigual; esta disparidade de “know-how” e oportunidades gerou a migração que implica, por sua vez, no êxodo das áreas desassistidas, uma ocupação desordenado dos grandes centros, pobreza, marginalidade, preconceitos, exploração e uma gama infinita de males sociais, criando um caos onde ninguém é cidadão, como denuncia Zé Geraldo.
José Filho

Nenhum comentário:

Postar um comentário